À primeira vista, herpes e Alzheimer parecem estar em universos completamente distantes e desconexos. Sim, mas só parece! Uma revisão de estudos publicada na revista Frontiers in Aging Neuroscience nos mostra que há uma relação bem interessante de se conhecer.
O herpes-vírus humano (também chamado de herpes-vírus simples ou HSV), é disseminado por meio do contato íntimo com uma pessoa infectada e que esteja com o agente ativo no corpo. Após o contágio inicial, o HSV permanece inativo no nosso organismo, podendo despertar a qualquer momento, especialmente diante de situações de extremo estresse e baixa imunidade. Nesses casos, costuma provocar feridas labiais e genitais.
Pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, analisaram diversos estudos e dados populacionais até observarem que o HSV de tipo 1, um dos mais comuns, é frequentemente encontrado em neurônios e células cerebrais de pessoas portadoras de um gene que confere maior risco ao desenvolvimento de Alzheimer. Nesse grupo de indivíduos, o vírus é reativado mais vezes e pode danificar o cérebro ao longo dos anos, evoluindo para a demência senil.
Por outro lado, eles também notaram que o tratamento antiviral, quando corretamente administrado, está ligado a uma diminuição drástica nos riscos de desenvolver o Alzheimer na terceira idade. É importante ressaltar que o estudo mapeou as infecções graves, e que novas investigações podem (e devem) ser feitas para apurar os efeitos de casos mais leves.
Mas o que é Alzheimer?
Estima-se que a doença de Alzheimer atinja cerca de 1 milhão de pessoas no Brasil, sendo a principal causa de demência senil. De modo geral, é um quadro em que há a perda progressiva dos neurônios do hipocampo (responsável pela memória) e do córtex cerebral (ligado à linguagem, sentidos, pensamentos abstratos e raciocínio.
O quadro clínico costuma evoluir lentamente, na média de 10 anos, e vai da perda moderada de memória até o mutismo, deficiência motora e infecções intercorrentes. Apesar de incurável, há tratamentos disponíveis para retardar a evolução da doença e auxiliar na integração social do idoso.
E pra herpes, tem vacina?
Vamos com calma para não confundir.
O estudo aborda a relação com o herpes-vírus simples, e para ele não há vacina. A melhor forma de se prevenir é evitando o contato íntimo com pessoas infectadas, principalmente por beijo (infecção labial) e relação sexual sem proteção (infecção genital). Não há cura também, mas estudos recentes apontam um novo tratamento capaz de impedir a recorrência dos ataques do herpes simples. O medicamento em forma de cápsulas tem como princípio ativo o cloridrato de lisina.
A vacinação está disponível apenas para o herpes-zóster, popularmente chamado de “cobreiro”. Ele é causado pelo vírus varicela zóster, o mesmo da catapora, que também fica inativo no corpo e dá as caras em momentos de imunossupressão, causando lesões na pele e dor nos nervos.
A imunização para esse agente é recomendada para maiores de 60 anos de idade, exceto alérgicos graves a algum componente da vacina e pessoas com tuberculose ativa não tratada.
Ainda tem dúvidas sobre herpes e vacinação? Conte com a gente, entre em contato!
Fontes:
-Ruth F. Itzhaki. Corroboration of a Major Role for Herpes Simplex Virus Type 1 in Alzheimer’s Disease. Frontiers in Aging Neuroscience, 2018; 10 DOI: 10.3389/fnagi.2018.00324
-Ministério da Saúde - http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2056-doenca-de-alzheimer
-Sociedade Brasileira de IMunizações - https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-herpes-zoster
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